Durante três meses, os motoristas Wagner Medina,wilson Miranda e Marcos Silva rodaram cerca de 16 mil quilômetros, cada um, em veículos Nissan Leaf, para realizar uma prova de conceito na cidade de São Paulo. Além da economia significativa quanto à recarga, os três colecionaram aprendizados e boas histórias.
A prova de conceito foi um esforço liderado por AES, Move, Barassa & Cruz Consulting, Netz Engenharia e Movida para entender o modelo de negócio ideal e a infraestrutura necessária para a implementação de veículos elétricos para transporte por aplicativo, projeto que é fruto da Chamada de Pesquisa e Desenvolvimento no 22, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
PROJETOS DE INOVAÇÃO
Com o objetivo de alavancar modelos de negócio, tecnologias, estudos estratégicos e infraestruturas relacionadas à eletromobilidade, a Chamada 22, de acordo com o especialista Fernando Campagnoli, capturou mais de 30 projetos, em todo País, com cerca de 1.200 pesquisadores envolvidos e, aproximadamente, R$ 473 milhões para desenvolvimento dos projetos, o maior volume de recursos já direcionado para tal atividade no Brasil.
“A expectativa é que esse estudo nos traga insights de que maneira uma geradora de energia, como a AES, pode atuar nesse mercado. O que nos motivou nessa prova de conceito foi a busca por um segmento na mobilidade que apresentasse um alto fator de utilização do veículo”, diz Mathias Ludwig, gerente de projetos de inovação da AES.
Os três motoristas envolvidos no projeto são unânimes ao afirmar que um dos maiores benefícios, se não o maior, da utilização dos veículos elétricos foi a redução de custos. Os carros foram alugados na Movida e custeados pelo projeto, sem qualquer despesa para eles. Já os carregadores foram instalados pela EMB Brasil, com plataforma de gestão de recarga operada pela startup Move.
MAIOR ECONOMIA
“Nos três meses de projeto, meu custo total com recarga foi de R$ 1.942,32. Se eu tivesse abastecido com combustível a R$ 5 o litro, meu gasto teria sido em torno de R$ 8.000”, contabiliza Marcos Silva.
Outro benefício bastante exaltado por eles é o conforto, algo essencial para quem circula cerca de 170 quilômetros diários na capital paulista e permanece cerca de dez horas dentro de um veículo.
Wilson Miranda, inclusive, relata uma história tragicômica. Ao voltar de um dia de trabalho percebeu que o marcador estava praticamente na reserva.ao longo do percurso de retorno para sua residência, tentou uma recarga rápida, mas havia três carros na espera.
“Pensei que conseguiria chegar até em casa, mas não deu. Parei em um bar e pedi para tentar recarregar na tomada comum. Depois de mais de duas horas de recarga, o marcador nem saiu do lugar. Chamei um colega e tentamos empurrar. Impossível. O carro pesa mais de 1 tonelada. A solução foi guinchar”, conta Miranda, rindo.
Wagner Medina, o socorrista do caso acima, reforça o ponto da infraestrutura de recarga que precisa ser melhorado. “São Paulo tem muitos carregadores lentos. Faltam os rápidos. Só é possível trabalhar com carro elétrico no aplicativo se tivermos o carregador em casa. Assim, é possível deixá-lo carregando durante a noite”, afirma Medina, que optou por continuar com o veículo alugado após o término do projeto.
Ainda não dá para comprar o seu elétrico? Que tal alugar?
De acordo com uma pesquisa realizada pela Tupinambá Energia com 1.680 pessoas que declararam interesse em trocar de veículo nos próximos três anos, quase seis de cada dez pessoas gostariam de adquirir um carro eletrificado. O problema, porém, é o custo, uma vez que o veículo elétrico mais barato disponível no mercado nacional, o Renault Kwid, custa cerca de R$ 147 mil.
Uma opção que está sendo utilizada tanto por pessoas físicas quanto jurídicas é o aluguel. Segundo a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), atualmente, mais de 1.200 automóveis elétricos ou híbridos estão disponíveis para aluguel, no Brasil. Desse total, mais de 800 unidades pertencem à Movida.
“Percebemos que a locação é uma ferramenta fundamental para o consumidor ter sua primeira experiência com um carro híbrido ou 100% elétrico. Por isso oferecemos uma frota nova e todo suporte para que nosso cliente tenha uma experiência única”, afirma Renato Franklin, CEO da Movida.
Autor/Veículo: O Estado de S.Paulo